O acelerado processo de votação do impeachment do governador Carlos Moisés e da vice-governadora Daniela Reinerh, que acontece sem uma razão técnica definida e sem pressão popular, surpreende os catarinenses. Nesta fase de pandemia inédita, as pessoas estão procurando cuidar da série de proplemas próprios e não seria o momento para um processo desse peso. Um afastamento sem apoio popular deve trazer mais perdas econômicas e sociais porque a população não está vendo muitos problemas de governo no cenário atual.
Tanto no afastamento por impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, quanto da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, embora as razões de culpabilidade, a exemplo de Carlos Moisés, não fossem muito claras, existia clamor popular porque o país estava em recessão. A população acreditava que com a mudança de governo, a economia melhoraria porque quem dita o ritmo econômico do país é o executivo federal.
No caso de Collor, o Produto Interno Bruto (PIB) de 1990 caiu -4,3%, de 1991 subiu 1% e de 1992 caiu -0,5%. Na gestão Dilma, o PIB empatou em 2014, caiu -3,5% em 2015 e -3,3% em 2016. Quanto ao governo catarinense, a economia do Estado vem evoluindo bem frente à crise do coronavírus e o executivo estadual está tomando decisões econômicas frente à crise a partir de consenso com o setor produtivo.
É claro que o governador Carlos Moisés não soube fazer interlocução com a Assembleia. Por isso, os grandes insatisfeitos contra o seu governo são os cerca de 30 deputados estaduais, com poder para afastá-lo. Os catarinenses, em função do novo coronavírus, ainda estão lutando para salvar a saúde, os empregos e as empresas.
Caso o governo seja afastado, ocorrem perdas econômicas imensuráveis com a parada geral para trocar equipes de governo, o que dura quase meio ano. Isso gera atraso em investimentos em infraestrutura e em projetos de estímulo a setores econômicos em andamento. Além disso, causa insegurança jurídica e afasta investidores.
Na área social, a parada para troca de governo atrasa a implantação de projetos e liberações de verbas. No caso da educação do Estado, que acaba de implantar uma gestão com maior controle digital em todos os processos e investimentos equilibrados nas regiões, além de atraso em decisões, pode ter esses processos interrompidos se mudar para uma administração com interesses políticos.
A interrupção de um governo eleito pelo povo, com aceitação da gestão em diversas áreas, especialmente a econômica e educacional, acaba causando atrasos não perceptíveis num primeiro momento, mas que no médio e longo prazo prejudicam o desempenho geral do Estado e afetam mais a vida das pessoas de menor renda. Será que os 40 deputados vão votar hoje pensando nos interesses próprios ou no “país” que tem 7,2 milhões habitantes chamado Santa Catarina? O que se espera é que a decisão seja considerando o que gera menos perdas econômicas e sociais a todos catarinenses.
Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti