Entre os desafios da crise gerada pelo novo coronavírus estão o crescimento do consumo em geral, a alta do dólar e a consequente inflação nos alimentos. O aumento de 128% nos preços de mercado de milho e soja de março até outubro deste ano no Brasil mostra uma realidade difícil de administrar, que está gerando crise na produção de proteína animal e vai resultar em alta no custo de vida dos brasileiros.
O que poderia evitar, de forma permanente, problema assim seria um eficiente programa nacional de segurança alimentar, mas o país não conta com isso, diferente de outras nações, que têm programas que funcionam.
O Brasil tem a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), elaborada em 2015 por uma dezena de ministérios, mas com um foco mais na oferta de alimentação saudável à população de menor renda. Esse modelo não funcionou na pandemia. E tem, também, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que deveria ter estoques reguladores para atender, em fases de menor oferta, tanto a alimentação de pessoas, quanto de animais para a produção de carnes.
O Brasil precisa de uma agência de segurança alimentar que use a inteligência de mercado para a formação de estoques de consumo anual de grãos. Não dá para exportar além do que pode e tentar importar depois. É muito mais caro e pouco inteligente para um país que é grande produtor de grãos. O Brasil precisa armazenar alimentos com qualidade. Se não estrutura para isso, deve criar uma solução com o setor privado ou cobrar uma taxa nas exportações de grãos para construir armazéns de alto padrão, já incluindo sistema de congelamento para prevenir microtoxinas.
Via NSCTotal – Coluna estela Benetti