Presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, dá pistas sobre as oportunidades que surge para os empresários catarinenses no mercado externo.
Os negócios internacionais da indústria catarinense deram um pequeno salto em abril. As exportações aumentaram 4% em relação ao mesmo mês do ano passado, somando US$ 688,1 milhões. No primeiro quadrimestre do ano a alta foi de 17% na comparação com igual período de 2016, mas, no comparativo de abril deste ano para março deste ano, houve recuo de 10%. Já as importações totalizaram US$ 928 milhões em abril, significando alta de 25% em relação ao mesmo mês do ano passado, e acréscimo de 23% no ano.
Neste contexto, a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante (foto ao lado), dá pistas sobre as oportunidades que surge para os empresários catarinenses no mercado externo.
AN – As exportações começam a dar sinais de vitalidade novamente. Isso é verdade pra ficar?
Maria Teresa Bustamante – As exportações de SC vem reagindo positivamente no primeiro quadrimestre de 2017, especialmente, um aumento espetacular na venda de carne suína, apesar do evento da Operação Carne Fraca aparecer no resultado do mês de abril com impacto negativo neste mês.
AN – Que fatores favorecem as exportações catarinenses?
Maitê – O momento é favorável porque vários impactos positivos têm ocorrido. O acordo de facilitação de negócios, assinado no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), vem apresentando resultados concretos no País, por exemplo: a criação de formulários digitais no Recof-Sped, facilitando as empresas que se utilizam desse regime especial para importação; transformar o portal único de comércio exterior num facilitador e, nesse contexto, deve ser inserida a declaração única de exportação, em uso para o modal aéreo, e, prometida sua entrada em operação para o modal marítimo em abril.
AN – O que isso representa, na prática?
Maitê – Os operadores de comércio exterior terão vinte e dois setores de diferentes ministérios e órgãos sintonizados na mesma frequência, eliminando custos burocráticos e aumentando a velocidade e eficiência no trâmite. Claro que ainda falta muito. Continuamos a fazer a tradicional cobrança por lotação de mais número de fiscais do Ministério da Agricultura nos pontos de desembaraço aduaneiro no Estado. Também o chamado ¿Custo Brasil¿ da caótica situação das estradas catarinenses é incômodo.
AN – Que regras e normas próprias podem beneficiar os exportadores?
Maitê – O Operador Econômico Autorizado é instrumento extremamente útil para obter ganhos de produtividade nas operações de comércio exterior. É possível ser utilizado por um número maior de empresas exportadoras e importadoras. Os benefícios: redução de tempo, menos burocracia, entre outros.
AN – Por exemplo?
Maitê – Na Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, sempre recomendamos aos empresários que não desprezem o uso do regime de drawback, que é outra ferramenta preciosa para reduzir custos e viabilizar a prática de preços internacionais frente a um mercado altamente competitivo, ou a utilização do Sistema Geral de Preferências para exportar aos Estados Unidos. (Aliás, a câmara fez seminário sobre o tema no dia 28 de abril).
AN – Que oportunidades enxerga para as empresas catarinenses?
Maitê – Há prospecção de mercado para alianças estratégicas nos países do Reino Unido, em decorrência do Brexit. O momento é este, porque, as partes (Reino UnIdo e e União Europeia) estarão negociando pela primeira vez acordos de comércio. E, obviamente, ambas as partes estarão voltadas a encontrar alternativas novas de fornecimento. Aí, podemos nos inserir, nos apresentar.
AN – E o que se pode extrair do mercado norte-americano?
Maitê – Igualmente, há, sim, a possibilidade dos Estados Unidos abrir canais para estabelecer alianças para distribuição de produtos, ou fabricação por complementariedade. Ou seja, colocar o pé em território americano pela mão de alguém local sempre será muito mais favorável para os negócios, do que fazê-lo sozinho. Mas, atenção: é muito importante negociar um excelente contrato jurídico internacional para evitar correr um risco desnecessário.
AN – Com o México também há jogo?
Maitê – O México é interessante, lá é possível explorar ampliação das negociações no acordo bilateral vigente com Brasil. Atualmente ampara, majoritariamente, o setor automotivo e de autopeças.
AN – Como aumentar presença em países da América do Sul? Isso é relevante?
Maitê – É muito positivo o canal aberto de aproximação com a Aliança do Pacífico. Precisamos olhar atentamente para o Chile, Peru, México e Colômbia. Países que já mantêm um vínculo comercial com o Brasil no âmbito da Aladi. De outro lado, os membros indiretos do Mercosul – como Chile, Peru e Colômbia – são players significativos. Portanto, há chances relevantes de aumentar as possibilidades de exportar e importar. Pelo menos, tem havido uma atitude proativa por parte do atual governo brasileiro nesse sentido.
AN – A Argentina mudou de postura e isso auxilia.
Maitê – A Argentina, está com a atual presidência pró-tempore do Mercosul, e decidiu retomar as negociações entre Mercosul e China. Essa perspectiva é relevante, mas não esqueça, tem um nó: o Paraguai, que tem acordos de comércio e financiamento com Taiwan.
Via AN – Coluna Cláudio Loetz