Ao mesmo tempo em que Santa Catarina entra na fase de maior risco da pandemia, a atividade econômica mostra recuperação gradativa. Essa tendência da economia é reforçada por dados internos da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) divulgados pelo secretário da pasta, Paulo Eli, durante a reunião virtual do Grupo Econômico de prevenção e controle ao coronavírus, quarta-feira à tarde. Os 16 grupos acompanhados pela Fazenda de SC registraram crescimento de 10,4% do faturamento em junho frente ao mesmo mês do ano passado.
No mesmo período, segundo a apuração da Fazenda, a arrecadação tributária estadual teve uma queda de 15,6%. No primeiro semestre, somente dois setores registraram crescimento de faturamento (receita bruta de vendas) todos os meses: agronegócio e medicamentos.
Considerando junho frente ao mesmo mês do ano passado, a maior alta de faturamento setorial foi do agronegócio, que cresceu 76,6%. Em segundo lugar ficaram as lojas de departamentos, que integram um grupo chamado pela Fazenda de rede de estabelecimentos, com alta de 25,5%, seguidas pelas bebidas (17%), medicamentos (16,4%), materiais de construção (15,8%), embalagens e descartáveis (8,3%), comunicação (8,3%), supermercados (3%) e outros produtos (grupo integrado por cigarros, madeiras etc…), que cresceu 11,7%.
No grupo de setores mais prejudicados pela crise do novo coronavírus estão os restaurantes, que em junho frente ao mesmo mês de 2019 tiveram queda de 41%, automóveis e autopeças (-22,6%), combustíveis e lubrificantes (-15,7%), transportes (-12,6%), têxteis (-8,3%) e metalmecânico (-0,9%). Como os setores de energia, comunicação e transportes não têm documentos emitidos em junho, as projeções foram feitas com base na série histórica.
Sobre a arrecadação de impostos do Estado, o comportamento em junho frente ao mesmo mês do ano passado, com queda de 15,6%, é diferente do faturamento porque é relativa ao movimento da economia no mês anterior. Somente quatro setores fecharam junho com arrecadação maior: lojas de departamento (20,2%), supermercados (10,9%), materiais de construção (5,8%) e bebidas (0,3%). As maiores quedas ocorreram em restaurantes (-67,4%), automóveis e peças (51,9%), comunicação (-33,3%) e têxteis (-30,4%).
O agronegócio, por exemplo, registra faturamento relevante, mas não arrecada muitos impostos estaduais porque tem isenções. A contribuição do setor é forte indiretamente, com uma série de atividades. As exportações são isentas de ICMS.
Os dados da Fazenda indicam que, se o quadro econômico não piorar com novos isolamentos, o fundo do poço da crise econômica para o Estado foi em maio, com recuo de 25,1% da arrecadação total frente ao mesmo mês do ano anterior. Em abril, essa queda ficou em 18,8%. Mas para a indústria, comércio e serviços do Estado, conforme as pesquisas mensais do IBGE, o fundo do poço foi no mês de abril.
Entre as lideranças que participam das reuniões do Grupo Econômico está o presidente da Federação das Indústiras do Estado (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar. Segundo ele, os dados divulgados pelo secretário Paulo Eli dão uma posição mais real de como está a economia catarinense. O empresário avalia como positiva a atuação do grupo na solução de desafios e defende que tenha continuidade após o fim da pandemia.
Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti