Os indicadores da indústria de transformação iniciaram o segundo trimestre deste ano com queda – o que reforça, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a “tendência de contração da atividade industrial”.
Em abril, segundo a entidade, o emprego industrial teve retração de 1% frente a março, o que configura o pior resultado desde janeiro de 2009, quando o país enfrentava os efeitos da crise financeira internacional. “Frente ao cenário adverso, a indústria acelerou o ritmo de demissões”, informou a CNI. Já a massa salarial real teve recuo de 1,7% no mês retrasado.
O faturamento da indústria, por sua vez, recuou 6,4% em abril, na comparação com março, enquanto que as horas trabalhadas na produção, indicador do nível de atividade, teve queda de 0,7% (no terceiro recuo seguido). Os dados foram contabilizados após ajuste sazonal.
“Há claramente um quadro de recessão no setor industrial, com queda bastante significativa, em especial em alguns segmentos, como as horas trabalhadas, o faturamento e que já alcança o nível de emprego com mais intensidade”, afirmou o economista da CNI, Flavio Castelo Branco.
Janeiro a abril
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, o quadro não é diferente. As horas trabalhadas na produção registraram um tombo de 9,1%, enquanto que o faturamento da indústria recuou 6,7% e o emprego industrial teve queda de 4,1%. A massa salarial teve contração de 4,2% neste período.
De acordo com análise de Castelo Branco, da CNI, o “quadro desfavorável” para a indústria, neste ano, reflete um conjunto de fatores: o processo de alta dos juros, em curso, o aumento da inflação, o ajuste fiscal, implementado pelo governo com aumento da carga tributária e menos gastos, e queda forte do nível de confiança, que se reflete na queda dos investimentos.
“Temos um quadro hoje que reflete em grande parte os problemas que acometeram a economia nos últimos anos, com a necessidade de reorganização macroeconômica”, avaliou o economista, acrescentando que também é necessário o país ter uma estratégia de crescimento, com aumento da competitividade e redução dos custos – uma agenda além do ajuste fiscal.
Nível de uso do parque fabril
A CNI informou ainda que a chamada utilização da capacidade instalada (nível de uso do parque fabril) somou 80,6%, em termos dessazonalizados, em abril deste ano. Com isso, registrou queda de 0,2 ponto percentula na comparação março deste ano, quando estava em 80,8%. De acordo com a entidade, estes números sugerem “forte ociosidade no parque fabril”.
Via G1