Das mais humildes às abastadas famílias, o hábito do consumo sem freios prevalece até que a fonte comece a secar. O lazer é o primeiro a sair do cardápio, seguido de outros supérfluos, até se chegar ao prato preferido. Bem no fundo, o objetivo é certificar-se sobre o que está causando o estrago, para, em seguida, estancar logo a sangria, evitando que sobre mês no fim do dinheiro. Claro que a comparação não tira a “refeição” da boca de quem muito possui, tampouco acaba o lastro financeiro, mas restringe dos bons vícios, com certeza. Que o digam os tubarões (políticos/empresários/servidores), presos na Lava Jato. Dentre tantos privilégios, o da ostentação, que os priva da vida pública, sob pena de sofrerem constrangimentos, como vaias e de até xingamentos.
Fazendo um paralelo com o setor público; se antes, em relação aos gastos, não havia controle tão rigoroso, atualmente, com os mecanismos de transparência, tudo mudou consideravelmente. Só para ilustrar: recentemente, vereadores de um município da Paraíba tiveram que se explicar sobre a participação em um congresso em Gramado-RS, devido à discrepância entre número de dias, palestras, horários e outros quesitos. Um vexame.
De concreto
A contundente prova disso são as reformas implementadas e em andamento nos Executivos. No âmbito federal, a reforma trabalhista, no governo Temer, agora da previdência, e outras a caminho, como a administrativa e tributária, para citar as mais abrangentes. Reduzir os gastos da máquina hoje, e para o futuro, é uma meta básica da equipe econômica. A contenção segue nos governos estaduais e municipais, que, por culpa de deputados com medo de se desgastarem junto ao eleitorado, devido ao pleito do próximo ano, terão que enfrentar todo o processo previdenciário. E não tem outro jeito se pretenderem seguir seus planos de governo e se tiverem juízo para darem cabo às infinitas demandas necessárias à sociedade mais carente, então serão obrigados a apertar os cintos.
Redução de parlamentares
Enquanto o Poder Executivo, com a missão de gerir recursos para atender toda a população, se vislumbra, pouco de concreto é realizado pelos demais órgãos e poderes em relação ao tema. Talvez, projetos que tratem da redução do quantitativo de parlamentares do Congresso Nacional, e que são arquivados, ignorados, devessem voltar à tona e serem submetidos à avaliação da sociedade. Se copiar as boas propostas e ensinamentos é salutar, por que não avaliar o que o parlamento italiano aprovou, reduzindo para um terço seu contingente? Pensar o Estado menor é dever de todos os poderes, porém não se pode jogar todo o peso nas costas dos servidores, principalmente do Executivo.
Fraude tributária
Uma das características do ganancioso é levar vantagem, de preferência, em tudo. Pelo lucro fácil, muitos, literalmente, passam por cima de preceitos, leis, e até da mãe, se preciso for. Em se tratando de dinheiro, e do governo, então? Melhor ainda. É a velha história do bilhete premiado, pelo qual tantas pessoas humildes, na ilusão de terem um valor maior, perdem o pouco que possuem. Empresários considerados espertos também seguem apostando nesse jeito desonesto de ganhar dinheiro, utilizando-se de papéis podres para abaterem o imposto devido. E como no dito popular “o diabo faz a panela e esquece da tampa”, esses pseudo espertalhões, empresários, consultores e representantes caíram literalmente no conto do vigário. Esclarecendo os fatos: um grupo criminoso de uma empresa de consultoria de Florianópolis, com esquema de fraude bilionária, lesou mais de 3.500 empresas em SC, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Em contrapartida, foi alvo de mandados de prisão e de busca e apreensão pela Polícia Federal na operação Saldo Negativo. Caíram, literalmente, na chaleira que não possuía tampa. Que sirva de lição.
Refletindo: “Quando eu vejo uma sessão do Congresso Nacional, fica visível que é inviável funcionar com tantos parlamentares. O tumulto é tal que inviabiliza qualquer solução mais madura”, diz o senador Álvaro Dias (Podemos). Uma ótima semana! |