Ao optar por alta de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros Selic nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por mudanças mais gradativas na economia, passando o juro para 4,25% ao ano. Contrariou o mercado, que diante da escalada da inflação dos últimos meses, esperava subida de um 1,0 ponto percentual na taxa básica. Assim, a inflação cai mais devagar, os juros da economia sobem gradualmente e os investidores podem continuar mais tempo com seus recursos na renda variável.

A pandemia gerou tantas dúvidas para autoridades monetárias que elas ficam receosas em optar por mudanças mais bruscas nos juros. A Selic estava em 2% ao ano desde agosto do ano passado, que foi reduzida porque em maio a inflação brasileira oficial, o IPCA, estava negativa em -0,16% e em junho ficou em 0,10%. Daí, a expectativa da inflação passou para 1,8% ao ano, quando a meta era 4%.

 Mas logo preços de alimentos, imóveis e materiais de construção passaram a subir de forma galopante e o país fechou o ano com alta de 4,52% na inflação oficial. Só os alimentos tiveram alta de 14,09% ano passado. Neste ano, além desse grupo continuar caro, o boom das commodities metálicas, a alta dos combustíveis e energia pioraram o cenário. A projeção do boletim Focus é de inflação de 5,82% para 2021 e Selic em 6,25% até o fim do ano.

As commodities seguem em alta, a energia vai continuar com preços pressionados e os serviços devem ficar mais caros na retomada pós-vacina. Há fatores para contrabalançar isso, como o alto desemprego, baixo valor do auxílio emergencial e queda do dólar.

Entre os impactos da Selic em alta está o custo dos juros bancários, que encarecem de forma geral seguindo a taxa básica do Banco Central. Ela vai deixar mais caro inclusive dinheiro para capital de giro como a linha especial do Pronampe, que chega com o limite de até 6% ao ano mais a variação da Selic.

Quando aos investimentos financeiros, o alívio maior da alta da Selic é para os aposentados que têm seu plano de previdência complementar reajustado apenas pela renda fixa. Assim, passam a ter menos perdas. Mas para quem está livre para decidir, a renda variável ainda é a melhor opção. Isso porque a Selic em 4,25% ao ano com a inflação acumulada em 8,06% nos últimos 12 meses, a diferença ainda é muito grande.

O Banco Central já sinalizou que vai elevar o juro de novo em 0,75 ponto percentual na próxima reunião. Assim, seguirá previsível no combate à inflação, mirando baixa de preços no ano que vem. A projeção de crescimento da economia é de 5% este ano, mas com as dificuldades de inflação e juros mais altos.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti