Mais uma vez, a apuração da eleição nos Estados Unidos demora e gera apreensão aos americanos e ao mundo. Desta vez, a ansiedade é maior porque dependendo do vitorioso, as diferenças de política econômica e diplomática serão maiores. A vitória democrata trará mudanças expressivas, tanto no mercado americano quanto no mundo, enquanto a reeleição de Donald Trump será de continuidade do que faz atualmente, acentuando interesses específicos dos EUA. Para Santa Catarina, o cenário com Biden abre oportunidades mais amplas enquanto, com Trump, mantém a vantagem atual ao agronegócio e riscos de mais limitações.
A eventual vitória de Joe Biden trará de volta uma política mais equilibrada com o multilateralismo global para negócios, enfrentamento científico mais intenso à Covid-19 e a volta de medidas efetivas para a prevenção do meio ambiente.
Isso para o Brasil e Santa Catarina, será uma mudança de rumo positiva porque significará menos barreiras às exportações para o mercado americano. Além disso, o cenário global se tornará mais favorável a negócios devido à menor guerra entre americanos e chineses e, também, o Brasil será mais cobrado pelo exterior para a preservação das florestas, o que é de interesse dos brasileiros.
A eventual vitória de Trump, num primeiro momento, manterá vantagem para o agronegócio catarinense, tanto nas vendas de proteína animal para a China, quanto nas vendas de produtos de madeira para os Estados Unidos. Mas produtos de maior valor agregado já enfrentam perdas e poderão ter mais barreiras.
O intercâmbio comercial entre SC e os EUA é intenso. Há 20 anos, o mercado americano era destino de quase 30% das exportações do Estado. Com o avanço de negócios com a China isso mudou. No ano passado, começou a oscilar entre a liderança de vendas para a China em alguns meses e, agora, o país asiático virou o destino número um.
Este ano, em função da pandemia, os negócios caíram par ambos os lados. As exportações catarinenses aos Estados Unidos, de janeiro a setembro, atingiram US$ 977 milhões e as importações, US$ 715 milhões.
O último levantamento feito pelo Observatório da Indústria, da Fiesc, sobre exportações do Estado aos americanos apontou 532 itens entre produtos ou grupo de produtos, tanto elaborados quanto semielaborados e commodities. Chama a atenção que os dois itens mais vendidos são de madeira, o que significa integram a cadeia produtiva do agronegócio, observa o economista do Observatório da Indústria, Marcelo Albuquerque.
O grupo de maior receita dos itens exportados é o de ‘obras de carpintaria para construções, com 15,5% do total faturado este ano até setembro, somando US$ 152 milhões, seguido por móveis de madeira com 11% do total e receita de US$ 107 milhões. Em terceiro lugar estão partes de motores com 8,2% faturamento de US$ 80 milhões. O quarto item é madeira serrada, que gerou receita de US$ 67 milhões e o quinto, madeira compensada, com US$ 64 milhões. Vendas de motores elétricos, compressores de ar, autopeças, carne suína e tabaco também são destaques.
A pauta de importações dos EUA para SC também é diversa. Tem 678 itens entre produtos ou grupo de produtos. Os cinco grupos de maior valor são de matérias-primas ou itens acabados. O ranking inclui polímeros de etileno (US$ 89 milhões), carbonatos (US$ 32 milhões), carros (US$ 29 milhões), instrumentos médicos (US$ 27 milhões) e reagentes de laboratório (US$ 26 milhões).
A política americana atual, de Trump, reduziu os negócios globais, embora com impactos diferentes para cada país. O Brasil perdeu mais de US$ 1 bilhão por ano, segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Uma vitória de Joe Biden, trazendo de volta uma ordem mundial mais equilibrada, seria mais positiva para Santa Catarina ampliar sua participação no mercado americano e em outros países.
Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti