Joinville já não é mais a cidade catarinense com maior potencial de consumo de bens e serviços. Perdeu a liderança para Florianópolis neste ano de 2020. É o que mostra o amplo estudo Índice de Potencial de Consumo – IPC Maps, produzido anualmente em todos os municípios brasileiros.
A cidade aparece no ranking nacional com participação de 0,39456% figurando na 31 colocação. O consumo dos moradores de Joinville, projetado para este ano, soma R$ 17,65 bilhões.
Em 2019, Joinville representava 0,46266% do total previsto para todo o país. E, a exemplo de 2018, o município liderava no ranking estadual e era a 22 cidade brasileira com maior consumo, num valor estimado de R$ 21,68 bilhões. Isso significa que em 2020 os 600 mil joinvilenses vão gastar R$ 5 bilhões a menos do que o fizeram no ano passado.
A explicação é simples: cidade marcadamente industrial e de prestadores de serviços, foi duramente afetada pela crise e a sua economia perdeu força: desde março pelo menos 100 mil trabalhadores perderam seus empregos, o que é com certeza, um terço da força de trabalho.
Já capital do Estado, predominam os serviços públicos, com salários acima da média – e onde desligamentos de trabalhadores são vedados por causa da estabilidade funcional. Isso ajuda a explicar a retomada da liderança estadual do potencial de consumo neste ano.
O amplo levantamento nacional identifica despesas das famílias distribuídas em mais de 20 itens, entre manutenção do lar, alimentação, alimentação fora de casa, bebidas, gastos com carros, viagens, educação, lazer, saúde e medicamentos, entre tantos outros.
O trabalho revela o quanto regredimos no âmbito nacional: com a pandemia do novo Coronavírus, o consumo das famílias brasileiras este ano se iguala aos patamares de 2010 e 2012, descartando a inflação e levando em conta apenas os acréscimos ano a ano.
A projeção é uma movimentação de cerca de R$ 4,465 trilhões na economia – queda de 5,39% em relação a 2019 – a uma taxa também negativa do PIB de 5,89%.
Hábitos de consumo
A pesquisa IPC Maps detalha, ainda, onde os consumidores gastam sua renda. Dessa forma, os itens básicos aparecem com grande vantagem sobre os demais: 25,6% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,1% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc); 14,1% vão para alimentação (no domicílio e fora); 13,1% a transportes e veículo próprio; 6,6% são medicamentos e saúde; 3,7% materiais de construção; 3,4% educação, entre outros.
Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing, destaca que no início de março, antes desse cenário de pandemia e isolamento social, “a previsão do PIB para 2020, conforme o boletim Focus do Banco Central, era de alta de 2,17%, o que resultaria numa projeção do consumo brasileiro da ordem de R$ 4,9 trilhões, superando os R$ 4,7 trilhões obtidos no ano passado.”
O levantamento aponta que, a exemplo de 2019, as capitais seguirão perdendo espaço no consumo, respondendo por 28,29% desse mercado. Enquanto isso, o interior avançará com 54,8%, bem como as regiões metropolitanas, cujo desempenho equivalerá a 16,9% neste ano. Esta edição do IPC Maps destaca, ainda, a redução na quantidade de domicílios das classes A e B1, o que elevará o número de residências nos demais estratos sociais.
Essa migração das primeiras classes impactará positivamente o consumo da classe B2, com uma vantagem de 6,8% sobre os valores de 2019. As outras classes, por sua vez, terão queda nominal do potencial de consumo de 2,94% em relação a 2019.
O Brasil possui mais de 211,7 milhões de cidadãos, sendo 179,5 milhões só na área urbana, que respondem pelo consumo per capita de R$ 23.091,50, contra os R$ 9.916,75 gastos individualmente pela população rural.
Classe B2 lidera consumo no país
Neste ano a classe B2 lidera o cenário de consumo, representando mais de R$ 1 bilhão dos gastos. Junto à B1, estão presentes em 20,9% dos domicílios, sendo responsáveis por 41,1% (R$ 1,7 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras.
Se para a classe média a migração da classe alta para os demais estratos é positiva, para quase metade dos domicílios (48,7%), caracterizados como classe C, o total de recursos gastos cai para R$ 1,475 trilhão (35,6% ante 37,5% em 2019).
Já a classe D/E, que ocupa 28,3% das residências, consome cerca de R$ 437,9 bilhões (10,6%). Mais enxuto, em apenas 2,1% das famílias, o grupo A reduz seus gastos para R$ 528,6 bilhões (12,8% contra 13,68% do ano passado). A Região Sul, que em 2019 tinha reduzido sua fatia, volta a subir para 17,97% do bolo geral.
Mercados potenciais
O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a 38,7%, ou R$ 1,759 trilhão, de tudo o que é consumido no território nacional. No ranking dos municípios, os principais mercados permanecem sendo, em ordem decrescente, São Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Brasília, que recuperou a 3ª posição, deixando Belo Horizonte atrás. Já, Curitiba sobe para o 5º lugar, ultrapassando Salvador.
Cidades metropolitanas ou interioranas como, Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (18º), São Bernardo do Campo (19º) e São José dos Campos (21º), no Estado paulista; São Gonçalo (16º) e Duque de Caxias (24º), no Rio de Janeiro; bem como as capitais Belém (14º), Campo Grande (15º) e São Luís (17º) também se sobressaem nessa seleção.
Via NSCTotal – Coluna Claudio Loetz