Prévia do Produto Interno Bruto calculada pelo Banco Central mostra alta de 0,41% para 135,62 pontos em julho ante junho; e avanço de 1,48% em comparação a igual período do ano passado.

 

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) calculado pelo Banco Central mostrou que a economia saiu de seu pior momento e cresceu dois meses seguidos. Mas a incerteza política em relação a eleição de 2018 pode afetar a recuperação sustentável do País.

De acordo com os dados divulgados ontem, a atividade econômica cresceu 0,41% em julho de 2017 ante o mês anterior; e evoluiu 1,48% em relação ao mesmo mês de 2016. Mas mesmo com esse sinal positivo, os economistas consultados pelo DCI permanecem cautelosos sobre uma recuperação mais consistente da economia.

“Esse descolamento da crise política só existe no querer do mercado financeiro. O empresariado precisa de um cenário político mais claro sobre 2018 para investir”, afirma o economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo.

Sobre o número positivo do IBC-Br, o economista ponderou a dependência do consumo das famílias. “A liberação do fundo de garantia [FGTS] me fez revisar o PIB para entre 0,6% a 0,8% neste ano. O pagamento do PIS [aos idosos] ajuda, mas não faz verão. São paliativos”, diz.

Na visão dele, a questão fiscal continua no centro da discussão e sua resolução determinará os rumos do crescimento do País. “O quadro eleitoral está aberto e o mercado financeiro almeja que o próximo governo seja reformista, mas outros [setores da sociedade], não”, observa.

Espírito Santo diz que o governo Temer está numa cilada para que os investimentos aconteçam. “Precisa fazer a reforma da previdência, mesmo que desidratada com idade mínima e regra de transição. Mas essa segunda denúncia atrapalha muito”, diz o economista.

Ontem, o presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por obstrução da justiça e organização criminosa; denúncia que terá que ser votada novamente pela Câmara dos Deputados, o que agrava a crise política doméstica.

Na opinião divergente do professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, a economia começa a se descolar da crise política. “Ainda não é uma retomada consistente, mas o último trimestre deste ano deve ser bem melhor com alguma melhora no mercado de trabalho”, aponta.

Vartanian lista que a queda da inflação permite a baixa dos juros (Selic), e que mesmo que esse efeito da política monetária seja defasado poderá incentivar o consumo em 2018.

O professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Rodolfo Olivo, lembra que a inflação tem surpreendido para baixo, o que favorece a redução dos juros. “A inflação está sob controle por causa do desemprego elevado, se o IPCA continuar surpreendendo para baixo, os juros podem cair ainda mais”, prevê o professor.

Atualmente a taxa básica de juros (Selic) está em 8,25% ao ano, e a expectativa é de 7% para o final de 2017. “Abaixo desse patamar incentiva o crescimento e dá um alívio fiscal em juros para o Tesouro no próximo ano”, diz Olivo. Em outras palavras, não se deve minimizar o efeito da queda dos juros na economia.

Quanto à questão fiscal, Olivo pontuou que a pré-campanha eleitoral também interfere no discurso da equipe econômica, referindo-se indiretamente ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao presidente do BNDES, Paulo Rabello Castro sobre a devolução de R$ 180 bilhões em recursos do banco de investimentos ao Tesouro. “O dinheiro terá que ser devolvido. Não dá para fechar hospitais e escolas para pagar aposentadorias”, comentou.

Desafios imediatos

O economista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Antonio Corrêa de Lacerda, ressaltou que o juro nominal está caindo, mas que o juro real ainda está muito elevado para incentivar os investimentos produtivos. “Falta uma política industrial ao governo. Essa é uma preocupação que saiu do mapa”, disse. Para Lacerda, o financiamento está muito restrito.

 

Via DCI