Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado ontem, revela que Santa Catarina é o Estado onde as pessoas da área urbana se aposentam mais cedo. Em média, os catarinenses conseguem o benefício com 57,2 anos enquanto em Roraima, onde a aposentadoria é obtida mais tarde, a média é de 64,8 anos. Os dados mostram que nos Estados mais ricos e que têm sindicatos de trabalhadores fortes, houve conquistas para prazo de aposentadoria menor. Depois de SC, a média de mais baixa idade de aposentadoria é no Rio Grande do Sul com 57,8 anos, seguida por São Paulo, com 60 anos, e Paraná, com 60,1 anos (veja gráfico).

A pesquisa liderada por Rogério Costanzi e Graziela Ansiliero revela que as regras do Regime Geral de Previdência Social, especialmente a que permite a Aposentadoria por Tempo de Contribuição (ATC), sem a exigência de idade mínima, criam distorções entre as regiões mais ricas e mais pobres do país.

– Santa Catarina é o Estado que tem a maior proporção, no setor urbano, de pessoas que se aposentam por tempo de contribuição, isso explica esse dado – diz Costanzi.

O estudo mostra que, ao contrário do que as centrais sindicais dizem de que idade mínima prejudicaria os mais pobres porque entram mais cedo no mercado de trabalho, o benefício por tempo de contribuição tende a não ser alcançado pelos trabalhadores de mais baixa renda, porque atuam mais na informalidade, sem carteira assinada. Entre os 10% mais pobres, apenas 12% contribuíram com a Previdência em 2014. Entre os mais ricos, 80% contribuíram. Para corrigir as distorções, é preciso definir regras mais homogêneas, diz Costanzi.

Atualmente, os mais qualificados se aposentam com 54 anos, e os mais pobres, com 66 anos, em média. Em Santa Catarina, o setor público está muito preocupado com a maioria das aposentadorias, concedidas a pessoas com idade entre 46 anos e 56 anos. O governador Raimundo Colombo, sempre que pode, alerta para esse problema. É que o rombo na Previdência pública é elevado e tende a crescer mais. Com a longevidade, muitas pessoas vão ficar aposentadas por pelo menos 30 anos e há incerteza sobre a disponibilidade de recursos para pagar isso.

capturarFonte Grafico IPEA

 

Via DC – Coluna Estela Benetti